segunda-feira, novembro 08, 2010

Resenha 02


(foto web: cartaz do filme)

BREVE AMOR EM ROMA

“A Princesa e o Plebeu/Roman Holiday" (1953), à primeira vista, sugere um mero romance "água-com-açúcar", porém vai mais além. Esse filme, dirigido pelo grande diretor William Wyler (1902-1981), é fruto da harmonia entre o romance, a comédia e o drama, e retrata descontraidamente uma conturbada história de amor com sutis enfoques de diferenças sociais.

O sentimento arrebatador dos seus personagens principais torna-se um empecilho para ambos, num jogo mútuo em busca de suas realizações pessoais. A Princesa Ann, vivida pela então novata atriz Audrey Hepburn (1929-1993) em sua grande estréia no cinema americano, luta por sua liberdade acima de tudo, fugindo das regras e protocolos exigidos pelo seu título de nobreza. O jornalista americano Joe Bradley, vivido pelo galã Gregory Peck (1916-2003), batalha pela sua conquista profissional, ávido por um furo de reportagem para garantir seu emprego em meio a uma crise jornalística mundial. Ao longo do filme, eles percebem que, como membros de classes divergentes, seria impossível a consumação de uma relação mais profunda e duradoura sem a abdicação de fortes valores pessoais, morais, políticos e culturais.

Audrey Hepburn foi a grande revelação de "A Princesa e o Plebeu". Detentora de um forte carisma, além da sua graça e elegância pessoal, a atriz belga contagiou o grande público nesse seu primeiro papel principal, arrebatando o Oscar de melhor atriz do ano de 1954, marcando o início de sua sólida carreira cinematográfica. Gregory Peck confirma o seu “american style” com um ar duro e cínico de malandro, mas que cede facilmente aos encantos da mocinha. Outro personagem marcante da história é o “paparazzo” oportunista Irving Radovich, vivido pelo ator Eddie Albert (1906-2005) em grande interpretação, que lhe valeu uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante.

Também premiado com o Oscar de melhor roteiro original, "A Princesa e o Plebeu" nos revela uma Roma jovem e divertida, sabiamente explorada em profunda sintonia com seus ricos cenários históricos, resultando em um belo romance com um final realista, onde cada personagem acaba por reconhecer a sua real condição de vida, ficando na lembrança os breves momentos que compartilharam juntos.

(texto: Mario Gordilho)

Música: "Theme from Roman Holiday" - Georges Auric (1953)

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