Resenha 01

(foto web: cena do filme)
ETERNA SEDUÇÃO

Entre os maiores clássicos românticos de todos os tempos, o filme “Tarde Demais para Esquecer/An Affair to Remember” (1957), que retrata um sofisticado e comovente “affair” entre um “bon vivant” desempregado e uma cantora de boate, através de impressionante magnetismo, ainda desperta intensa sensibilidade no grande público.

A atriz escocesa Deborah Kerr (1921-2007) e o galã inglês Cary Grant (1904-1986) formam o afinado e refinado par romântico desse filme, que conquista não só as platéias norte-americanas, como as de todo o mundo. Kerr interpreta a cantora Terry McKay, e Grant o promissor pintor Nickie Ferrante. Ambos aliados aos belos cenários, ao vestuário impecável, e à esplendorosa trilha musical, constituem o conjunto que confere excepcional harmonia à “Tarde Demais para Esquecer” (1957).

Tudo começa durante um cruzeiro em alto-mar, onde Terry e Nickie são arrebatados por uma paixão irresistível e decidem investir em uma futura relação séria, mas, já comprometidos com outros parceiros, precisam de um tempo para desmanchar seus atuais relacionamentos e se estabilizarem economicamente. Entre uma das interessantes passagens do filme está a visita do casal apaixonado à aconchegante ilha mediterrânea onde reside a avó de Nickie, Janou, protagonizada pela veterana atriz inglesa Cathleen Nesbitt (1889-1982) em marcante atuação.

Esse drama romântico fruto do diretor norte-americano Leo McCarey (1898-1969) – especialista em comédias do gênero pastelão dos longínquos anos 20 – é um “remake” do seu próprio filme “Love Affair” (1939). Posteriormente o clássico serviu de inspiração para a comédia romântica “Sintonia de Amor” (1993), de Nora Ephron (1941), com Tom Hanks (1956) e Meg Ryan (1961); além de ser refilmado pelo diretor Glenn Gordon Caron (1954) sob o título “Love Affair – Segredos do Coração” (1994), e estrelado pelo trio Warren Beatty (1937), Annette Bening (1958) e Katharine Hepburn (1907-2003). Apesar de tantas versões refilmadas ou adaptadas dessa história, nenhuma alcançou o fascínio de “Tarde Demais para Esquecer” (1957), comprovados por suas três indicações ao Oscar de 1958 – melhor canção, trilha sonora e fotografia.

O apelo dramático ao seu final não ofusca o poder de sedução de “Tarde Demais para Esquecer”, que desde a primeira vista extrapola roteiros inteligentes, cenários requintados ou grandes performances. É o carisma exalado por seus intérpretes, embalados por uma das mais belas canções que o cinema apresentou – “An Affair to Remember”, que consegue perpetuar essa obra através do tempo, tornando-a um verdadeiro “cult” cinematográfico. Quem aprecia filmes românticos certamente gostará deste e, depois de assisti-lo, será tarde demais para esquecê-lo.

(texto: Mario Gordilho)

Música: "An Affair to Remember / Our Love Affair" - de Harry Warren, Leo McCarey e Harold Adamson, por Nat 'King' Cole (1957)