
(foto: web)
TÃO PAGANDO
“Tão pagando 50 conto pra quem votar pra Dilma!”, frase dita por um homem do povo a um provável conhecido, em plena via pública, na manhã de domingo de votação do segundo turno da Eleição Presidencial de 2010.
Eu e dois amigos tomávamos café, distraídos, dentro de uma casa de praia onde estávamos hospedados, numa famosa cidade do litoral baiano, quando tais palavras soaram claramente em nossos ouvidos. Viramos bruscamente em direção à porta da rua, que estava aberta, e ainda pudemos ver os vultos dos dois homens conversando. Depois de testemunhar esse fato, não poderia deixar de fazer este relato.
Queria que estas eleições tivessem passado brandamente. Não tinha a intenção de escrever uma linha sequer sobre tal duelo político. Podem achar esta minha abstenção um ato antipatriótico, ou até covarde, mas realmente não levava fé nos dois candidatos presidenciáveis, e preferi ficar quieto, viajando pra bem longe da minha zona eleitoral.
Não sou seguidor de nenhum partido. Não levanto bandeiras verdes, vermelhas, ou de qualquer outra cor. Procuro acreditar na pessoa do político. Na força que ele passa ao se expressar para o seu povo. Entendo que um político, dentre muitas características, tem que ser carismático, cativar seus eleitores com sua mera presença, com seu olhar, antes de fazer qualquer promessa. Isso faltou nessa Eleição. Os finalistas, apesar dos incessantes esforços, não possuíam esse item crucial de firmação. Por isso não me conquistaram, e assim não optei por nenhum deles.
Deixemos meu ponto de vista à parte e voltemos ao nosso acontecido. Certamente nem a própria Dilma teve ciência dessa desleixada situação de voto de cabresto a seu favor, mas o fato ocorreu, e eu o presenciei pela primeira vez na minha vida. Fiquei chocado com o que vi e ouvi, considerando que estamos em pleno século XXI, e mais ainda por tratar-se de um candidato de um partido que representa uma sofrida classe. Realmente fiquei estupefato.
Passado o trauma momentâneo, logo me tranquilizei quando fui cumprir o meu dever eleitoral. Como não estava na minha cidade de votação, eu teria que justificar o meu não-voto. Confesso que, apesar de estar sem um favorito, lá no fundo, minha consciência pesava por não participar da escolha do meu Presidente, mas depois do ocorrido me senti mais aliviado em não fazê-la.
Nunca votei tão consciente não votando. Apesar de todos os esforços, de todos os partidos, de todos os políticos, de todo o povo brasileiro em querer a seriedade deste País, simplesmente continuam pagando... e nós, recebendo em troca, como prêmio, esse Brasil que taí.
(texto: Mario Gordilho)
Música: "Marina" - de Dorival Caymmi, por Dick Farney (1947)
4 comentários:
è isso mesmo Mário,eu também fui as urnas,para colocar,00,nao acredito ,alias nunca acreditei nessa turma de pessoas do bem (mal),rsssss.bjão.
o povo tem aquilo que merece.... está ai o resultado.... imagina quantos "tão pagando" aconteceram por esse brasil afora.... dá vergonha.... bem fez vc que viajou e não participou desta "escolha LIVRE popular"
Valeu as opinioes Lucia e Guto. Abração
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