
(foto: web)
APENAS
Curta, mas poderosa. Quando usamos a palavra “apenas” não temos a noção do quanto e do que descartamos em nossas vidas. Ela tem a possante função de restrição, o que pode nos levar a perda de algo que poderia tornar nossa vida mais interessante, intensa e bem vivida.
Valendo-nos muitas vezes desse termo, geralmente para eliminarmos situações ou gente que presumimos esdrúxulas ou desagradáveis, posteriormente poderemos entrar em contradição com os nossos próprios princípios, abandonando os nossos preconceitos, e acatando outrora o desprezado agora. O “apenas” pode nos conduzir a essa autotraição, portanto devemos ser sensatos quando quisermos fugir de ações ou pessoas. Não podemos sair por aí subtraindo-as aleatoriamente. Talvez precisemos delas.
Muitas vezes impomo-nos a uma sina reversa no nosso destino. Apenas vestimos uma camisa “rota” e com ela nos mantemos camuflados para o resto das nossas vidas. Sofremos por dentro, acabando por mergulharmos numa lenta sentença de morte, perdendo gradativamente a nossa luz natural, sem termos gozado a nossa plena liberdade, sem termos vivido a nossa merecida vida.
Mulheres subservientes, homens autoritários, comportamentos que a sociedade ainda rotula como modelos, na verdade apenas servem de máscaras eternas para pessoas desiludidas. A subserviência e o autoritarismo, sejam eles masculinos ou femininos, têm a sua hora certa de aplicação, mas não devem ser tomados como estereótipos de vida ou de sexo. Não podemos viver por trás dessas imagens estigmatizadas.
A vida está aí, livre, leve e solta. Nascemos com a nossa liberdade para curtirmos todas as experiências que ela pode nos proporcionar. E se formos espertos podemos continuar com ela até o fim. Não estamos livres de cairmos na aplicação de expressões como: “apenas chá”, “apenas cerveja”, “apenas azul”, “apenas rosa”, “apenas de dia”, “apenas à noite”, “apenas amantes”, “apenas amigos”. Às vezes elas se fazem necessárias, pois também temos nosso poder de escolha, mas claro que, como quase tudo na vida, essa escolha deve ser feita com moderação, sem uma total restrição. Pense mil vezes antes de aplicar o seu “apenas”, mas nunca diga “nunca”!
(texto: Mario Gordilho)
Música: "Mulheres de Atenas" - de Chico Buarque de Hollanda e Augusto Boal, por Chico Buarque de Hollanda (1976)
2 comentários:
É isso ai amigo,mas um quem sabe,ou talvez,ou mesmo um depende,mas nunca um jamais,bjo.
Valeu a força, amiga!
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